sexta-feira, 24 de julho de 2009
Abrindo mão.
Uma fonte constante de frustação e angústia é
nosso hábito de muito esperar das pessoas.
De nos atrelar-mos a elas de tal modo que as atitudes
alheias, facilmente nos atingem, neste texto de
Epicteto, podemos vislumbrar uma lição elementar
que muitos de nós demoramos a aprender:
Poucas coisas estão sob nosso controle.
Enquanto não aceitarmos tal fato, prosseguiremos
frustados com fatos sob os quais não temos controle algum, e ironicamente, negligenciamos exatamente as poucas coisas sob as quais podemos exercer controle:
Nossas emoções, por exemplo.
O estudo no campo das emoções revela que esta é a área
de maior dificuldade pra todos nós, pois a educação recebida tanto em casa quanto na escola, não contempla
a educação emocional,somos preparados pra tudo, menos pra lidar conosco mesmo, especialmente com as frustações, e nossa cultura privilégia a preparação para
o sucesso.
Mas, e quanto ao insucesso?
E quanto ás dezenas de nãos que a vida nos reserva?
Se crianças podemos bater os pés e choramingar.
Mas tal conduta quando adultos não é nada aceitável.
E prosseguimos assim, analfabetos emocionalmente. Termo usado no
livros que li e admiro pela pertinência e seriedade
é " Inteligência Emocional" de Daniel Goleman, onde ele
explica sob o ponto de vista fisiológico e social o que é emoção, qual sua função e como administra-la.
As nossas dependências
Coisas há que dependem de nós - e outras há que de nós não dependem.
O que depende de nós são os nossos juízos, as nossas tendências, os nossos desejos, as nossas aversões: numa palavra, todos os actos e obras do nosso foro íntimo.
O que de nós não depende é o nosso corpo, a riqueza, a celebridade, o poder; enfim, todas as obras e actos que de maneira nenhuma nos constituem.
As coisas que dependem de nós são por natureza livres, sem impedimento, isentas de obstáculos; e as que de nós não dependem são inconsistentes, servis, susceptíveis de impedimento, estranhas.
Tem em mente, portanto, o seguinte: se avalias livre o que por natureza é servil, e julgas decente para ti o que te é estranho, sentir-te-ás embaraçado, aflito, inquieto - e em breve culparás os Deuses e os homens.
Mas se crês teu o que unicamente é teu, e por estranho o que efectivamente estranho te é, então niguém te poderá constranger, nem tão pouco causar embaraços; não atacarás ninguém, a ninguém acusarás, nada farás contra a tua vontade; prejudicar-te, ninguém te prejudicará; e não terás um só inimigo - e prova disso é sobre ti a ausência de qualquer dano.
Epicteto, in 'Manual'
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Morre lentamente
Morre lentamente.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar. Somente a ardente paciência fará com que conquistemos uma esplêndida felicidade.
Pablo Neruda
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar. Somente a ardente paciência fará com que conquistemos uma esplêndida felicidade.
Pablo Neruda
quarta-feira, 22 de julho de 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
Soneto do amigo.
Mas um poema pra ilustrar a temática da amizade
e tudo o que ela encerra.
Por que afinal ter um amigo leal é dádiva rara.
E Vinícius sabia muito bem cantar tanto o amor quanto á amizade e dela fez-se próximo, sabia como poucos apreciar a companhia de uma boa amizade e nela doar-se em poesia...
Soneto do amigo
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Vinícius de Moraes.
FONTE:
http://br.geocities.com/edterranova/vinicius16.htm
Imagem: Autoria desconhecida.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Campanha, doe um amigo para um amigo.
Quem é meu amigo sabe: Não sou afeita á datas comemorativas e as razões são conhecidas, desnecessário cita-las, no entanto, hoje ao lembrar que o melhor de minha vida vivi na companhia de pessoas encantadoras, resolvi homenagear os meus, que são seres extraordinariamente pacientes, uma vez que não é tarefa fácil ser meu amigo (e disto eles bem sabem).
No entanto, injusto seria não reconhece-los como pessoas fortes, íntegras, pacientes, cheias de falhas, mas de almas grandiosas.
Então esta pequena homenagem vai para você meu amigo, que muito ensinou-me.
E neste dia do amigo, não dispensarei presentes, quero de você amigo, um outro amigo que possa conosco muito também aprender.
Esta poderia ser o início de uma campanha em prol deste sentimento universal que liga pessoas em todas as épocas independete da raça ou credo.
Que neste dia convertemos em semana e façamos desta a oportunidade de também dizer: Amigo de meu amigo é meu amigo também.
Doe um amigo.
Eu talvez não tenha muitos amigos.
Mas os que eu tenho são os melhores que alguém poderia ter.
Além disso tenho sorte, porque os amigos que tenho, têm muitos amigos e os dividem comigo.
Assim o meu número de amigos sempre aumenta, já que eu sempre ganho amigos dos meus amigos.
Foi assim aqui, uns eu ganhei há tempos, outros são mais recentes.
E quem os deu não ficou sem eles,
pois a amizade pode sempre ser dividida sem nunca diminuirou enfraquecer.
Pelo contrário, quanto mais dividida, mais ela aumenta.
E há mais vantagens na amizade: É uma das poucas coisas que não custam nada e valem muito embora não sejam vendáveis.
Entretanto, é preciso que se cuide um pouco das amizades.
As mais recentes, por exemplo, precisam de alguns cuidados.
Poucos, é verdade, mas indispensáveis.
É preciso mantê-los com um certo calor,falar com eles mais amiúde e no início, com muito jeito.
Com o tempo eles crescem, ficam fortes e até suportam alguns trancos.
Os mais antigos, já sólidos, não exigem muito, são como as mudas das plantas,que depois de enraizadas, parecem poder viver sem cuidados, porém não podem jamais ser esquecidas.
Algo é preciso para mantê-las vivas.
Prezo muito minhas amizades e reservo sempre um canto no meu peito para elas.
E, sempre que surge a ocasião, também não perco a oportunidade de dar um amigo a um amigo, da mesma forma que eu ganhei vocês.
E não adiantam as despedidas.
De um amigo ninguém se livra fácil.
A amizade além de contagiosaé totalmente incurável. "
Votos.
Votos, com autoria atribuida á
Victor Hugo,
é um texto que inspirou uma das mais belas canções de uma de minhas bandas preferidas:
Barão Vermelho
" Amor pra recomeçar"
" Desejo que você
tenha a quem amar, e quando estiver bem cansado, ainda haja amor pra recomeçar..."
Tal texto acalenta meu coração e traduz com precisão o que desejo á todos os meus amigos e parceiros das mais diversas empreitadas.
Leia, reflita e compartilhe.
Votos.
Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles,
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer.
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor.
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra,
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo,
que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro,
Erguer triunfante o seu canto matinal,
Porque, assim, você sesentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas,
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
Eque pelo menos uma vez por ano,
Coloque um pouco dele na sua frente e diga `Isso é meu`,
Só para que fique bem claro quem é o dono dequem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer,
você possa chorar sem se lamentar
e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher
E que sendo mulher,Tenha um bom homem.
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.
Victor Hugo
O que não é amor.
Este texto
chamou-me
a atenção por
discorrer sobre um tema amplamente
discutido e ao qual muita especulação
há: Conceiturar o que é amor.
Aqui você verá a distinção entre diversos sentimentos os quais costumamos
confundir com amor.
Leia e avalie você também.
Já falou-se tanto em amor, amizade e paixão...
Que tal falarmos do que não é amor?
Se você precisa de alguém para ser feliz, isso não é amor
É CARÊNCIA.
Se você tem ciúme, insegurança e faz qualquer coisa para conservar alguém ao seu lado, mesmo sabendo que não é amado, e ainda diz que confia nessa pessoa, mas não nos outros, que lhe parecem todos rivais, isso não é amor
É FALTA DE AMOR PRÓPRIO.
Se você acredita que sua vida fica vazia sem essa pessoa; não consegue se imaginar sozinho e mantém um relacionamento que já acabou só porque não tem vida própria - existe em função do outro - isso não é amor
É DEPENDÊNCIA.
Se você acha que o ser amado lhe pertence; sente-se dono(a) e senhor(a) de sua vida e de seu corpo; não lhe dá o direito de se expressar, de ter escolhas, só para afirmar seu domínio, isso não é amor
É EGOÍSMO.
Se você não sente desejo; não se realiza sexualmente; prefere nem ter relações sexuais com essa pessoa, porém sente algum prazer em estar ao lado dela, isso não é amor
É AMIZADE.
Se vocês discutem por qualquer motivo; morrem de ciúmes um do outro e brigam por qualquer coisa; nem sempre fazem os mesmos planos; discordam em diversas situações; não gostam de fazer as mesmas coisas ou ir aos mesmos lugares, mas sexualmente combinam perfeitamente, isso não é amor
É DESEJO.
Se seu coração palpita mais forte; o suor torna-se intenso; sua temperatura sobe e desce vertiginosamente, apenas em pensar na outra pessoa, isso não é amor
É PAIXÃO.
Agora, sabendo o que não é o amor, fica mais fácil analisar, verificar o que esta acontecendo e procurar resolver a situação. Mesmo que a situação se confunda às vezes para você, o correto é que avalie a "PRESENÇA" e a "AUSÊNCIA" de seu par na sua vida e diante do resultado de seus sentimentos irá perceber se algumas das situações acima são temporárias ou caracterizam definitivamente seu tipo de relacionamento. Porque a "convivência" faz com que o tempo transforme o que é AMOR em ETERNIDADE.
Autoria desconhecida.
FONTE: http://www.pensador.info/p/textos_de_amizade/1/
chamou-me
a atenção por
discorrer sobre um tema amplamente
discutido e ao qual muita especulação
há: Conceiturar o que é amor.
Aqui você verá a distinção entre diversos sentimentos os quais costumamos
confundir com amor.
Leia e avalie você também.
Já falou-se tanto em amor, amizade e paixão...
Que tal falarmos do que não é amor?
Se você precisa de alguém para ser feliz, isso não é amor
É CARÊNCIA.
Se você tem ciúme, insegurança e faz qualquer coisa para conservar alguém ao seu lado, mesmo sabendo que não é amado, e ainda diz que confia nessa pessoa, mas não nos outros, que lhe parecem todos rivais, isso não é amor
É FALTA DE AMOR PRÓPRIO.
Se você acredita que sua vida fica vazia sem essa pessoa; não consegue se imaginar sozinho e mantém um relacionamento que já acabou só porque não tem vida própria - existe em função do outro - isso não é amor
É DEPENDÊNCIA.
Se você acha que o ser amado lhe pertence; sente-se dono(a) e senhor(a) de sua vida e de seu corpo; não lhe dá o direito de se expressar, de ter escolhas, só para afirmar seu domínio, isso não é amor
É EGOÍSMO.
Se você não sente desejo; não se realiza sexualmente; prefere nem ter relações sexuais com essa pessoa, porém sente algum prazer em estar ao lado dela, isso não é amor
É AMIZADE.
Se vocês discutem por qualquer motivo; morrem de ciúmes um do outro e brigam por qualquer coisa; nem sempre fazem os mesmos planos; discordam em diversas situações; não gostam de fazer as mesmas coisas ou ir aos mesmos lugares, mas sexualmente combinam perfeitamente, isso não é amor
É DESEJO.
Se seu coração palpita mais forte; o suor torna-se intenso; sua temperatura sobe e desce vertiginosamente, apenas em pensar na outra pessoa, isso não é amor
É PAIXÃO.
Agora, sabendo o que não é o amor, fica mais fácil analisar, verificar o que esta acontecendo e procurar resolver a situação. Mesmo que a situação se confunda às vezes para você, o correto é que avalie a "PRESENÇA" e a "AUSÊNCIA" de seu par na sua vida e diante do resultado de seus sentimentos irá perceber se algumas das situações acima são temporárias ou caracterizam definitivamente seu tipo de relacionamento. Porque a "convivência" faz com que o tempo transforme o que é AMOR em ETERNIDADE.
Autoria desconhecida.
FONTE: http://www.pensador.info/p/textos_de_amizade/1/
domingo, 19 de julho de 2009
Qual é sua vaquinha?
Este pequeno conto da sabedoria chinesa, ilustra muito bem o que se passa conosco em muitas situações, onde pensamos estar seguros e estamos apenas estagnados.
Leia e confira.
Era uma vez, um sábio chinês e seu discípulo. Em suas andanças, avistaram um casebre de extrema pobreza onde vivia um homem, uma mulher, 3 filhos pequenos e uma vaquinha magra e cansada.
Com fome e sede o sábio e o discípulo pediram abrigo e foram recebidos. O sábio perguntou como conseguiam sobreviver na pobreza e longe de tudo.
- O senhor vê aquela vaca ? - disse o homem. Dela tiramos todo o sustento. Ela nos dá leite que bebemos e transformamos em queijo e coalhada. Quando sobra, vamos à cidade e trocamos por outros alimentos. É assim que vivemos.
O sábio agradeceu e partiu com o discípulo. Nem bem fizeram a primeira curva, disse ao discípulo :
- Volte lá, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali em frente e atire-a lá em baixo.
o discípulo não acreditou.
- Não posso fazer isso, mestre ! Como pode ser tão ingrato ? A vaquinha é tudo o que eles têm. Se a vaca morrer, eles morrem !
O sábio, como convém aos sábios chineses, apenas respirou fundo e repetiu a ordem :
- Vá lá e empurre a vaquinha.
Indignado porém resignado, o discípulo assim fez. A vaca, previsivelmente, estatelou-se lá embaixo.
Alguns anos se passaram e o discípulo sempre com remorso. Num certo dia, moído pela culpa, abandonou o sábio e decidiu voltar àquele lugar. Queria ajudar a família, pedir desculpas.
ao fazer a curva da estrada, não acreditou no que seus olhos viram.
No lugar do casebre desmazelado havia um sítio maravilhoso, com árvores, piscina, carro importando, antena parabólica. Perto da churrasqueira, adolescentes, lindos, robustos comemorando com os pais a conquista do primeiro milhão. O coração do discípulo gelou. Decerto, vencidos pela fome, foram obrigados a vender o terreno e ir embora.
Devem estar mendigando na rua, pensou o discípulo.
Aproximou-se do caseiro e perguntou se ele sabia o paradeiro da família que havia morado lá.
- Claro que sei. Você está olhando para ela.
Incrédulo, o discípulo afastou o portão, deu alguns passos e reconheceu o mesmo homem de antes, só que mais forte, altivo, a mulher mais feliz e as crianças, jovens saudáveis. Espantado, dirigiu-se ao homem e disse :
- Mas o que aconteceu ? Estive aqui com meu mestre alguns anos atrás e era um lugar miserável, não havia nada. O que o senhor fez para melhorar de vida em tão pouco tempo ?
O homem olhou para o discípulo, sorriu e respondeu :
- Nós tínhamos uma vaquinha, de onde tirávamos o nosso sustento. Era tudo o que possuíamos, mas um dia ela caiu no precipício e morreu. Para sobreviver, tivemos que fazer outras coisas, desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos. E foi assim, buscando novas soluções, que hoje estamos muito melhor que antes.
Moral da história : às vezes é preciso perder para ganhar mais adiante. É com a adversidade que exercitamos nossa criatividade e criamos soluções para os problemas da vida. Muitas vezes é preciso sair da acomodação, criar novas idéias e trabalhar com amor e determinação
Luís Colombini
FONTE: http://www.otimismoemrede.com/avaquinha.html
sábado, 18 de julho de 2009
A águia e galinha.
Quando entrei em contato com este texto, fiquei encantada com sua simplicidade e magia
e especialmente com a forma com que ele nos fala ao coração, pois para muitas pessoas com a auto-estima comprometida acreditar em seu potencial e valor pode ser desafiador.
Por vezes parecemos esquecer que somos criaturas divinas, um máquina perfeita que contempla inclusive uma alma...
A águia e galinha
“Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros.
Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia.
- De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei cimo galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
- Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
- Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
– Já que de fato você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.O camponês comentou:– Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!– Não – tornou a insistir o naturalista.
Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.O camponês sorriu e voltou à carga:– Eu lhe havia dito, ela virou galinha!– Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:– Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra as suas asas e voe!A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou.
Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergueu-se soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto. Voou… voou… até confundir-se com o azul do firmamento…”
E Aggrey terminou conclamando:
- Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. E muitos de nós ainda acham que somos efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Defenestração.
Esta crônica de Veríssimo há muito encanta-me por sua forma
extremamente hilária de descrever, a total perplexidade diante
de uma palavra e por este estranhamento vai percorrer dezenas de possibilidades onde o leitor também toma de empréstimo as emoções do autor, embora um tanto longa, convido você a deliciar-se com esta crônica e conhecer um pouco deste autor que admiro.
Luis Fernando Veríssimo.
Defenestração
Certas palavras têm o significado errado. Falácia, por exemplo, devia ser o nome de alguma coisa vagamente vegetal. As pessoas deveriam criar falácias em todas as suas variedades. A Falácia Amazônica. A misteriosa Falácia Negra.
Hermeneuta deveria ser o membro de uma seita de andarilhos herméticos. Onde eles chegassem, tudo se complicaria.- Os hermeneutas estão chegando!- Ih, agora é que ninguém vai entender mais nada...Os hermeneutas ocupariam a cidade e paralisariam todas as atividades produtivas com seus enigmas e frases ambíguas.
Ao se retirarem deixariam a população prostrada pela confusão. Levaria semanas até que as coisas recuperassem o seu sentido óbvio. Antes disso, tudo pareceria ter um sentido oculto.- Alo...- O que é que você quer dizer com isso?Traquinagem devia ser uma peça mecânica.- Vamos ter que trocar a traquinagem.
E o vetor está gasto.Plúmbeo devia ser um barulho que o corpo faz ao cair na água.
Mas nenhuma palavra me fascinava tanto quanto defenestração.
A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu não sabia o seu significado, nunca lembrava de procurar no dicionário e imaginava coisas. Defenestrar devia ser um ato exótico praticado por poucas pessoas. Tinha até um certo tom lúbrico. Galanteadores de calçada deviam sussurrar no ouvido das mulheres:- Defenestras?A resposta seria um tapa na cara. Mas algumas... Ah, algumas defenestravam.
Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas talvez mandassem defenestrar a casa. Haveria, assim, defenestradores profissionais. Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerravam os documentos formais? "Nestes termos, pede defenestração..." Era uma palavra cheia de implicações. Devo até tê-la usado uma ou outra vez, como em:- Aquele é um defenestrado.
Dando a entender que era uma pessoa, assim, como dizer? Defenestrada. Mesmo errada, era a palavra exata. Um dia, finalmente, procurei no dicionário. E aí está o Aurelião (dicionário do Aurélio Buarque) que não me deixa mentir. ? Defenestração? vem do francês ?defenestration?.
Substantivo feminino. Ato de atirar alguém ou algo pela janela. Ato de atirar alguém ou algo pela janela! Acabou a minha ignorância mas não a minha fascinação.
Um ato como este só tem nome próprio e lugar nos dicionários por alguma razão muito forte. Afinal, não existe, que eu saiba, nenhuma palavra para o ato de atirar alguém ou algo pela porta, ou escada abaixo.
Por que, então, defenestração? (...) Quem entre nós nunca sentiu a compulsão de atirar alguém ou algo pela janela? A basculante foi inventada para desencorajar a defenestração.
Toda a arquitetura moderna, com suas paredes externas de vidro reforçado e sem aberturas, pode ser uma reação inconsciente a esta volúpia humana, nunca totalmente dominada. Na lua-de-mel, numa suíte matrimonial no 17º andar.-Querida...-Mmmm?- Há uma coisa que preciso lhe dizer...-Fala, Amor-Sou um defenestrador.E a noiva, em sua inocência, caminha para a cama: Estou pronta para experimentar tudo com você! TUDO!
Uma multidão cerca o homem que acaba de cair na calçada. Entre gemidos, ele aponta para cima e babulcia:- fui defenestrado...Alguém comenta:- Coitado. E depois ainda atiraram ele pela janela?Agora mesmo me deu uma estranha compulsão de arrancar o papel da máquina, amassá-lo e defenestrar esta crônica. Se ela sair é porque resisti.
Crônica - Luís Fernando Veríssimo
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Fanatismo.
Este é um dos poemas que aprecio,
no qual sinto intensa emoção.
Florbela Espanca consegue como poucos
falar das paixões arrebatadoras.
Este poema converteu-se em canção na igualmente intensa interpreatção de
Fagner, com música de igual título.
Esta canção embalou minha infância quando minha mãe a ouvia por tardes inteiras e remete-me ás intensas emoções, sinta você também nos versos de Floberla, um pouco desta emoção.
Fanatismo
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !
Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !
E, olhos postos em ti, digo de rastros :
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."
no qual sinto intensa emoção.
Florbela Espanca consegue como poucos
falar das paixões arrebatadoras.
Este poema converteu-se em canção na igualmente intensa interpreatção de
Fagner, com música de igual título.
Esta canção embalou minha infância quando minha mãe a ouvia por tardes inteiras e remete-me ás intensas emoções, sinta você também nos versos de Floberla, um pouco desta emoção.
Fanatismo
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !
Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !
E, olhos postos em ti, digo de rastros :
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."
Florbela Espanca
Livro de Soror Saudade (1923)
FONTE: http://www.jornaldepoesia.jor.br/flor1.html#fanatismo
quarta-feira, 15 de julho de 2009
É proibido.
Este poema de Neruda, muito me faz refletir, sobre a forma, muitas vezes desalentadora com encaramos a vida, de modo que julgamos que nosso ânimo afeta unicamente a nós.
Ledo engano, pois estamos todos vinculados, afetando e sendo afetados.
Que Neruda em sua genial ótica cria uma espécie de estatuto de bem viver,
dizendo o que nos é proibido.
Sintamo-nos todos culpados em menor ou maior grau por tais equívocos.
É proibido.
É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.
É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos.
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso,
só porque seus caminhos sedesencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.
Pablo Neruda (Poeta chileno)
FONTE: http://www.pensador.info/p/e_proibido/1/
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Educar para o pensar.
Discutir Educação é o ato mais corriqueiro em salas pedagógicas, teses, teorias e afins.
Novos métodos, fogueiras ás cartilhas. E lá se vão tradições.
O novo outrora moderno fez-se velho diante a Psicologia Moderna e estamos nós, em mandada.
(Rodando em círculos) Buscando respostas e descobrindo á pólvora.
Como professora atuante por longo período em nobre ofício, percebo o quão tal tema tem sido conduzido de forma enfastiosa, por vezes, tola, daqueles que creem elaborar sofisticadas teorias pra um algo deveras simples: Educar. Educar para o pensar.
Como se faz?
Nesta entrevista de Edgar Morin ao Jornal: O Público.
Discorre sobre o fato fundamental do ato de educar: Estimular o pensamento autônomo.
Aqui, um resumo da entrevista, como breve convite á reflexão e acima, o texto na íntegra.
Apreciemos pois:
"Não existe um ensino sobre o próprio saber"
"Sobre os enganos, ilusões e erros que partem do próprio conhecimento".
"A condição humana está totalmente ausente do ensino: Perguntas como 'o que significa ser humano?' não são ensinadas"
"Uma excessiva especialização no ensino e nas profissões produz um conhecimento incapaz de gerar uma visão global da realidade, uma 'inteligência cega'."
"O que proponho é fornecer [aos alunos] as ferramentas de conhecimento para serem capazes de ligar os saberes dispersos"
"Está demonstrado que a capacidade de tratar bem os problemas gerais favorece a resolução de problemas específicos", (lembrando que a maioria dos grandes cientistas do século XX, como Einstein ou Eisenberg), "além de especialistas, tinham uma grande cultura filosófica e literária".
FONTE: http://telegrapho.blog.pt/
Prece pela tolerância.
Tema recorrente em nossa sociedade: Tolerância ou a falta dela precisa de fato ser estimulada, neste texto de Voltaire, podemos vislumbrar um ideal de mundo, onde o respeito e a fraternidade sejam a tônica.
E como diria John Lenon:
" Você pode me achar um sonhador,
mas eu não sou o único."
Prece pela tolerância.
“Não é mais aos homens que me dirijo.
É à você, Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todos os tempos:
Que os erros agarrados à nossa natureza não sejam motivo de nossas calamidades.
Você não nos deu coração para nos odiarmos nem mãos para nos enforcarmos.
Faça com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida penosa e passageira.
Que as pequenas diferenças entre as vestimentas que cobrem nossos corpos, entre nossos costumes ridículos, entre nossas leis imperfeitas e nossas opiniões insensatas não sejam sinais de ódio e perseguição.
Que aqueles que acedem velas em pleno dia para te celebrar, suportem os que se contentam com a luz do sol.
Que os que cobrem suas roupas com um manto branco para dizer que é preciso te amar, não detestem os que dizem a mesma coisa sob um manto negro.
Que aqueles que dominam uma pequena parte desse mundo, e que possuem algum dinheiro, desfrutem sem orgulho do que chamam poder e riqueza, e que os outros não os vejam com inveja, mesmo porque Você sabe que não há nessas vaidades nem o que invejar nem do que se orgulhar.
Que eles tenham horror à tirania exercida sobre as almas, como também execrem os que exploram a força do trabalho.
Se os flagelos da guerra são inevitáveis, não nos violentemos em nome da paz.
Voltaire (Filósofo Francês que viveu entre 1694-1778) defendia o direito de todo homem expressar livremente opiniões e crenças.Prece pela tolerância foi escrita há quase 250 anos.
FONTE: http://culturacompolitica.blogspot.com/2008/01/prece-pela-tolerncia.html
sábado, 11 de julho de 2009
Um olhar sobre a cidade.
Por Maria Betânia
Naquela tarde olhar pela janela parecia ser a coisa mais apropriada a fazer.
Talvez por ela não quisesse ou não pudesse em casa permanecer, mas talvez por que desejava ir á rua, no entanto o ânimo havia escapado por entre os dedos tal qual líquido efêmero.
Ela estava ali, mas era como se não estivesse.
Pouco sentia, pouco via em seus sentidos entorpecidos...
Então perdeu-se na medíocre paisagem de sua janela.
Nada de novo era possível ver dali, a não ser os velhos vizinhos que caminhavam descomprimissadamente e cumprimentavam-se uns aos outros da mais simplória forma de ser...
Uma filha chamou o pai ao portão este veio em passos cansados.
Um carro de lixo também passou e, pela primeira vez ela pra eles de fato olhou...
Então pensou em quão árduo era tal ofício, de estar á tarde de sábado a recolher lixo produzidos por outros...
O rapaz que cuidadosamente recolhia o lixo da lixeira do vizinho, deixou então de invisível ser. Tomou forma aos seus olhos...
E, então, algo intrigante lhe passou pela cabeça:
Onde estaria a honra daquelas pessoas invisíveis aqueles aos quais as pessoas insistem em não ver?
Pôde perceber que naqueles rostos cansados havia uma certa paz.
A paz de poucos.
A paz dos simples homens que literalmente ganham seu sustento com o suor de seus rostos...
Ela não pode deixar de encantar-se com tal cena e nela divagar...
Por entre Filosofia e ideologias, que pode um homem que possue a liberdade de ter um salário, (ainda que pouco)?
Quanto de liberdade e dignidade pode um homem desses?
Onde esta sua honra e grandeza?
Talvez aqueles homens, simples homens fossem muito mais livres que ela...
Talvez eles pudessem paradoxalmente olha-la com piedade: Pobre menina, banhada e perfumada no parapeito de sua janela e quase escondida em sua esvoaçante cortina...
Ela não pôde conter a emoção de estar talvez pela primeira vez a ver de fato a cidade, ou apenas um fragmento dela.
Quem eram aquelas pessoas?
Como suportavam tão aparente mesquinha vida?
Como pode a vida ser tão paradoxal assim?
Ela permaneceu ali, por um instante enamorada de seus pensamentos.
E, neles perdeu-se em suave poesia.
Pela primeira vez os via, os reconhecia pra muito além de seus penosos ofícios, ou de suas banais vidas.
Ocorreu-lhe ainda um pensamento:
O de discorrer sobre estas pessoas tão simples e ao mesmo tempo grandiosas.
O vizinho voltou com uma jarra de água gelada que gentilmente serviu á filha.
Um carro suntuoso estacionou e dele sairam duas belas mulheres que o fitavam quase que inquisidoramente, a explição pra tais olhares:
Uma era a madrasta da tal garota e a outra, amiga da madrasta...
O vizinho não a recepcionou em casa, a garota parecia lá não ser bem vinda...
Pobre mundo.
Mesquinho mundo.
Quão pequenos e tacanhos somos.
Limitados á nossos conceitos.
Tentando tolamente legitimar nossa estupidez, em cada gesto, em cada palavra.
O vizinho parecia constranger-se ao ser enquadrado por tão gélido olhar.
E, o carro de lixo passou.
Se foram os homens suados e simples.
Nos quais não há dolo.
Nem tolas vaidades.
Os homens que sopram vida á cidade.
A cidade.
A cidade que pela primeira vez recebe o olhar daquela menina.
Pois aquela era apenas e tão somente, um olhar.
Um olhar sobre a cidade.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Vejo flores em você.
Quando deparei-me com esta imagem, fiquei extremamente comovida com sua composição,
o texto combinando perfeitamente com figura de uma mulher de lindo e forte olhar.
FONTE: http://euvejofloresemvoce.blogspot.com/
Afredo é Gisele.
Completamente hilaria a crônica de Elisa Lucinda é de uma pertinência impressionante, das mudanças de valores e de todos os paradgmas
que nossa sociedade precisa romper em termos de tolerância e respeito.
Sora vê, daqui do táxi a gente sabe é cada coisa... Sabe e aprende, aprende até a não ter preconceito. Outro dia peguei um casal assim já de meia idade, bem apessoado, lá no centro, no Teatro Municipal. Eles tinham ido vê uma tal de uma Ópera, sei lá. Já eram umas 11 e meia da noite, a gente veio bem até o Aterro, entramos em Botafogo e o trânsito emperrou.
A mulher já azedou na hora e foi falando para o marido: - Que trânsito é esse, quase meia noite? Não é esquisito, Alfredo? E o tal do Alfredo parecia um homem rico mas não era fino, sabe ? E não gostava mais dela, eu acho. O cara era uma múmia. A resposta dele pras conversas da mulher tavam mais pra rosnado, sabe? - Alfredo, isso não é uma absurdo? Nós aqui parados num trânsito quase de madrugada, não entendo, é estranho, hoje é sábado. Será que é algum acidente, Alfredo? Como o homem não dizia nada, aí e eu interrompi: com todo respeito sabe o que é isso madama? Simplesmente aqui virou um lugar só de "homensexuais" e mulher sapatona.
É cheio de barzinho deles, a rua toda. Fim de semana ferve. Quem quiser ver homem beijando homem e mulher se esfregando em mulher, é aqui mesmo. - Você tá ouvindo, Alfredo? Meu Deus, eles agora tem até bar pra eles, até rua!? Não é um absurdo, Alfredo? - Ô Onça, cê me conhece, sabe bem como é que eu sou. Pra mim isso se resolve é na porrada. Se eu sou o pai, desço do carro e não quero nem saber o que é que entortou, o que é que virou, não quero saber o que é cú e o que é fechadura, baixo o sarrafo na cambada! Eu, com sem vergonhisse, o sangue sobe, eu viro bicho. - Pára de falar essas palavras de baixo calão, Alfredo. Hum! Fica de gracinha que a pressão vai lá nos Alpes, você sabe muito bem o que é que o médico falou ..., não é motorista? Alfredo não é muito esquentado? Eu dei o meu pitaco: - É madame, o negócio que ele tá falando é como eu vi no filme.
Uma metáfora. Ele não vai bater, vai só ficar zangado. - E o senhor sabe o que é metáfora? O senhor entende de metáforas? Escuta isso Alfredo! O que é metafora, seu motorista? - Metáfora pelo que eu entendi é assim: aquilo não é aquilo, mas é como se fosse aquilo. Então, em vez da gente dizer que aquilo é como se fosse aquilo, a gente diz que aquilo é aquilo. Mas não é. É como se fosse. Foi? - Eu acho que o senhor tá certo, mas na verdade eu estou é chocada com essa libertinagem. Olha aquele homem... que safadeza me Deus! E de bigode ainda! Escuta isso Alfredo! - Escutar o quê, Coisa? - O que eu estou vendo, gente! Ai, Alfredo, não está vendo? Parece que é cego, não é motorista? - Hoje tá até fraco. Eu falei. Hoje nem tem os “general”? - Quem são? Escuta isso Alfredo? - General das sapatona é aquelas de coturno que parece mais com um macho do que qualquer coisa. E o outro general é o homem transformista que é a traveca, mas anda é na gillete mesmo. - Tá ouvindo, Alfredo? A violência e a decadência como estão? - E a gente vai ter que ficar parado nesta merda, ô Coisa? - Calma Alfredo, não fica nervoso! Isso é questão do nível das pessoas.
A gente que tem... não é motorista? ... mais condições, temos que entender essa...,essa..., como é que eu digo, meu Deus? Essa... - Putaria! Falamos juntos, eu e o tal do seu Alfredo com cara de doutor de num sei de quê. - Cruzes Alfredo, não era isso que eu ia.... Alfredo, olha aquela moça! Gente, uma menina, dezoito no máximo, e a outra maiorzuda no meio das pernas da coitadinha, fazendo sabe lá o quê !!! Tá vendo Alfredo aquela alí? Alí, aquela Alfredo, em cima do carro! Olha lá Alfredo, a mão da grandona na menina! Elas vão ser beijar na boca, minha Nossa Senhora... - Que transitozinho, hein? nunca mais viremos por Botafogo, tá decidido! - Mas Alfredo olha a menina! Tá beijando, tá beijando, tá beijando Alfredo! Ela parece...
Alfredo é Gisele! Alfredo! Nossa filha!? - Filha da puuuutaaa... E desmaiou o tal doutor, enquanto a jararaca da mulé ventou porta afora de sapato na mão atrás das duas e eu pensando: não quero nem saber, encosto aqui mesmo e espero o resolver, que uma corrida dessa eu não vou perder, que eu não sou bobo e nem sou rico. É ruim de eu ir embora, heim? Então eu fiquei naquela situação: eu com um cara que era um ex-valente todo desmaiado no banco de trás parecendo uma moça, a mulé saiu pisando forte que nem um general, quer dizer, tudo trocado e eles reclamando da filha. Se eu pudesse eu ia lá defender a moça, mas não posso, já que o negócio é de família, né? Eu não tenho preconceito, mas é isso que eu tava falando pra senhora: daqui a gente sabe cada coisa! E é cada um com o seu cada qual.
Se desejarem, indico na voz de Ana Carolina.
FONTE: http://www.escolalucinda.com.br/bau/alfredoegisele.html
FONTE:
http://www.youtube.com/watch?v=btseNflc2fo
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Salém, o gato preto.
(Meu querido gato preto Salém) que tem em seu interior o mundo de profusão de cores
e a singeleza dos cinzas.)
Salém é um grande companheiro e amigos virtual, um rapaz jovem e de extrema intensidade em tudo que expressa, seja em verso, em prosa ou em traçados.
A imagem acima é de sua criação e este poema em especial ele consegue resumir
á La Sartre a o inferno de ser o outro.
Parabéns amigo.
O OUTRO É FUGA
O outro é fuga
Um volver-se para fora
Um virar as costas, FUGIR!
Não-se-ver-sabendo, fingir.
Negar a própria face,
Traduzir o para-si em despretensões falaciosas
O outro é fuga -
O galho para o imaturo,
o Mole, di'pútrido ulterior
Para o insustentável
Para aquele que
/escora-se no olhar do Tu
Na piscante admiração
Estelar contemplar
Momentum efêmero de admiração
O outro é fuga
é Corda rebolante
Na qual debalde lançamos mão
Para suster nosso passo
O outro é o Nada -
a ante-câmara que encontramos
em nosso
interior.
Para o qual nos lançamos,
com o intuíto de não cair-em-si.
De atrasar nossa inexorável
não-presença interior.
Samuel Cruz
FONTE: http://paraisomental.wordpress.com/
Loucos e Santos
Este texto é um daqueles que considero de certo modo o resumo de mim mesma.
Pois meus amigos são de fato especiais e toda vez que neles penso e na grande generosidade que eles tem comigo fico comovida e eternamente grata.
Loucos e Santos
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
Oscar Wilde
FONTE: http://www.pensador.info/p/loucos_e_santos/1/
terça-feira, 7 de julho de 2009
Casamento
Este é um de meus poemas preferidos, aprecio nele a forma simples
como Adélia descreve o cotidiano de um casal e encontra charme e encatamento onde outros veriam apenas algo trivial e talvez até incômodo.
Casamento.
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
Adélia Prado
Texto extraído do livro "Adélia Prado -
Poesia Reunida", Ed. Siciliano -
São Paulo, 1991, pág. 252.
FONTE: http://www.releituras.com/aprado_casamento.asp
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Estamos morrendo II
Este texto e outros pertinentes você pode encontrar
Gilbetto Zorzi
Colega de Dihitt.
CARO(A) AMIGO(A),
É com muita tristeza que lhe participamos o falecimento de um amigo muito querido que se chamava BOM SENSO...
E que viveu muitos e muitos anos entre nós.
Ninguém conhecia com precisão a sua idade porque o registo do seu nascimento foi desclassificado há muito tempo, tamanha a sua antiguidade.
Mas lembramo-nos muito bem dele,
principalmente pelas suas lições de vida
como :
«O mundo pertence àqueles que se levantam
cedo »
«Não podemos esperar tudo dos outros »
Ou ainda,
«O que me acontece pode ser em parte
também por minha culpa »
E também …
O BOM SENSO só vivia com regras simples e práticas como :
«Não gastar mais do que se tem »
e de claros princípios educativos como :
«São os pais quem dão a palavra final »’
Acontece que, o BOM SENSO começou a perder o chão, quando os pais passaram a atacar os professores, que acreditavam ter feito bem o seu trabalho querendo que as crianças aprendessem o respeito e as boas maneiras.
Sabendo que um educador foi afastado ao repreender um aluno por comportamento inconveniente na aula, agravou-se o seu estado de saúde.
Deteriorou-se mais ainda, quando as escolas foram obrigadas a ter autorização dos responsáveis, até para um curativo no machucado de um aluno, sequer podiam informar os pais de outros perigos mais graves incorridos pela criança.
Enfim, o BOM SENSO perdeu a vontade de viver quando percebeu que os ladrões e os criminosos tinham melhor tratamento do que as suas vítimas.
Também recebeu fortes golpes morais e físicos, quando a Justiça decidiu que era crime defendermo-nos de algum ladrão na nossa própria casa, enquanto a este último é dada a garantia de poder queixar-se por agressão e atentado à integridade física ...
O BOM SENSO perdeu definitivamente toda a confiança e a vontade de viver quando soube que uma mulher, por não perceber que uma xícara de café quente iria queimar-lhe, ao derramá-lo em uma das pernas...
Recebeu por isso, uma colossal indenização do fabricante da cafeteira elétrica.
Certamente você já reconheceu, que a morte do BOM SENSO foi precedida pelo falecimento:
-dos seu pais: Verdade e Confiança;
-da sua mulher Discrição;
-da sua filha Responsabilidade e do
filho Juízo.
Então, o BOM SENSO deixa o seu lugar para três falsos irmãos :
-« Eu conheço os meus direitos e também
os adquiridos »
-« A culpa não é minha »
- « Sou uma vítima da sociedade »
Claro que não haverá multidão no seu enterro, porque já não temos muitas pessoas que o conheçam bem, e poucos se darão conta de que ele partiu.
Mas, se você ainda se recorda dele,
caso queira reavivar a sua lembrança,
previna todos os seus amigos do desaparecimento do saudoso BOM SENSO fazendo circular esta comunicação…
Senão, não faça nada... deixe tudo como está!!!
(Autoria desconhecida)
FONTE:
http://estamosmorrendo.dihitt.com.br/noticia/estamos-morrendo
domingo, 5 de julho de 2009
Pensando bem.
Os noivos estavam a caminho da igreja quando morrem num acidente de automóvel. Chegando no céu, a noiva protesta: - Puxa, São Pedro, logo hoje que a gente ia casar, acontece uma dessas...
- Assim é a vida, digo, a morte. - objeta o guardião do paraíso.
- Mas será que não dá para o senhor quebrar um galho - diz o noivo. - e fazer o nosso casamento aqui?
- Espera aí, deixa eu ver o que posso fazer.
Umas oito horas depois, quando o casal já estava cansado de esperar, ele volta trazendo um padre à tiracolo.
- OK! Trouxe um padre para fazer o casamento de vocês. Mas tem uma condição...
- Qual?
- Aqui não tem divórcio! O casamento vai ter de ser por toda a eternidade...
- Puxa, mas toda a eternidade é muito tempo! - reclama o noivo.
- E se o nosso casamento não der certo? - indaga a noiva
- Azar o de vocês! Para achar um padre aqui no céu já foi difícil, imagina um advogado!
Estas e outras piadas você encontra no TROCANDO IDÉIAS.
FONTE: http://professor-william.blogspot.com/
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