domingo, 21 de junho de 2009
Carpe Diem dos infernos!
Não, esta não é apenas mais uma postagem de desabafo, pra falar a verdade nem sei mesmo onde vou marcar esta postagem, uma vez que ela é também um pranto, um lamento.
Por um bom tempo ouvi pessoas dizerem que eu era alguém radical, extremada e que isso prejudicava meus relacionamentos em geral.
No entanto eu tornei-me assim, e isto se deu por absoluta nescessidade de sobreviver a um mundo caótico, corrompido pela perda de valores.
Perdoe meu desabafo, talvez quem sabe ninguém leia mesmo isso e eu não precise desculpar-me...
Talvez eu fique expostas ás críticas, seja rotulada de sabe-se lá quantas coisas, não me importo...
Mas hoje, fiquei muito triste.
Não uma tristeza qualquer, mas por que ainda seja idealista demais pra este tempo acelerado que vivemos...
Talvez eu seja tola demais pra alguém que pensa ser descolada...
Antes de relatar o fato, (e nem sei mas se vale á pena) cito que hoje é uma espécie de luto em meu coração por este pequeno incidente, e agora vejam vocês...
Eu definitivamente não saberia viver sem meus valores...
Sem meus princípios, (Mais uma vez, desculpe amigo) mas este não será um texto breve, nem poderia, pois que meu lamento é imenso é um lamento por muitas coisas...
Breve histórico:
Muitos aqui sabem que minha formação é em História, amo esta matéria, sempre destaquei-me nela, minha descoberta para o magistério também deu-se cedo, quando eu ainda adolescente ajudava crianças com os deveres e escolares e ganhava alguns trocados por isso...
Adorava aquilo e sonhei ser professora, isso se fez ainda no Ensino Médio, no antigo e Magistério, ali encontrei grandes mestres e eles muito me ensinaram...
Durante mais de 10 anos lecionei, passando por Educação de Jovens e adultos, alfabetização, e por fim História, mas, devido a um grande stresse que resultou em depressão, vi-me obrigada a abandonar meu ofício, por que simplesmente não pude mas conviver com tudo aquilo: O caos, o descaso e tudo mais que nem vale a pena mencionar...
Pouparei você dos detalhes, (talvez eu criei um outro marcador e prossiga meu relato)
Enfim, joguei tudo pra o ar!
Abandonei minhas duas cadeiras, reneguei minha vocação...
Sofri deveras com tudo isso.
No entanto, em minha vizinhança sabem que sou profissional competente, e esta competência é pra muito além da formação, sou rigorosa, exigente mesmo.
Não sou condescente com alunos, não negocio regras, e, principalmente, não sinto remorso...
Mesmo eu dizendo que preferiria mil vezes limpar privada á voltar á discência, acabei cedendo aos apelos de minha mãe pra voltasse a lecionar ainda que aulas particulares, ditas, REFORÇO para algumas crianças...
Meio relutante aceitei.
Uma dessas crinças foi indicada por sua vó a garota logo mostrou extremo descaso com os estudos, a ponto de eu avisar á sua vó que não aceitaria mas trabalho em cima da hora pra orientar.
Avisadas estavam, elas retornaram um tempo depois com um trabalho de pesquisa sobre Literatura Amazonense, isto era uma sexta á tarde, o trabalho seria entregue na 2ª feira, mesmo vendo o volume de pesquisa e o prazo mínimo aceitei o trabalho, contornei a situação e por questões financeiras aceitei o trabalho, voltei atrás em minha palavra...
Pra minha surpresa a garota não apenas não mostrava interesse algum, como estava ainda mais relaxada e displicente!
Ao ponto de não saber usar uma régua, eu tinha que arrumar motivação pra mim e pra ela...
E ela ali, com extrema má vontade, cheguei a pedir que fosse passar uma água no rosto pra espantar o sono que ela demonstrava ter, brinquei um pouco com ela, mas pouco adiantou...
Foi embora e pouca coisa tinhamos feito, foi uma festa junina á noite e ao que tudo indica voltou tarde.
Marquei ás 8:00h, ela apareceu ás 9:00, com a conhecida má vontade, como a pesquisa na net estava demorando por conta da lentidão virtual e pela desordem de alguns sites (fato lamentável que pretendo comentar em outra ocasião) avisei a ela que demoraria um pouco, então ela me disse que iria em casa bem rápido e retornaria pra prosseguirmos.
Avisei que não demorasse mesmo por que ainda haveria muita coisa a fazer,ela se foi e não mas retornou, deixou tudo largada por cima da mesa, todo o material escolar, quando busquei saber o paradeiro da mesma, fui informada que não apenas ela, mas toda a família haviam ido a um balneário.
Diante de minha perplexidade, encerrei a pesquisa, recolhi o material dela, juntei tudo e entreguei a minha mãe para que repasse aos " responsáveis" dela.
E anexei o seguinte bilhete:
Senhora...
Ai esta a pesquisa de sua neta( cita o nome)
tendo em vista a irresponsabilidade da mesma e mediante o descaso com os próprios estudos, informo que não mas orientarei a mesma, não precisa pagar nada, fica como gentileza para a senhora.
Ao entregar á minha mãe ainda comentei:
"Espero que ela não venha mas me procurar, por que não farei mas trabalho algum, por nenhum dinheiro do mundo!"
Ao mesmo tempo que pensei e proferi tal frase, lembrei-me de meus mestres e eu tive o privilégio de ter muitos excelentes,lembrei-me que se eu aceitasse trabalhar em tais circunstâncias isso seria um a desonra, uma desonra ao meu ofício e aos meus mestres!
Isso seria uma forma de prostituição!
Fiquei um bom tempo refletindo sobre tal questão e lamentando muito triste, muito mesmo ao ponto de eu lembrar do quanto eu amava os livros e fazer meus deveres.
Lógico que não espero que todas as criançs sejam assim...
Mas fico também impressionada com o descaso e também irresponsabilidade dos " RESPONSÁVEIS" que por um domingo de sol, agem de forma tão patética...
Mas, como se diz por ai...
O importante é aproveitar a vida!
Curtir, CARPE DIEM, afinal, aproveitemos, bebamos, saboreamos tudo...
Tomemos todas, amanhã estaremos mortos mesmo...
O que é um trabalho escolar?
Deixa isso pra lá...
Depois resolvemos!
O bom é aproveitar!
Carpe Diem.
Carpe Diem dos infernos este!
Parece até que o mundo vai acabar amanhã...
Que disciplinar alguém que protelou um trabalho não é importante!
Vamos curtir, afinal pra que estudar?
Carpe Diem dos infernos!
Vivamos hoje!
Amanhã estaremos mortos, se não literal mas certamente subjetivamente sim.
(Desalento com o ofício de professor)
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11 comentários:
Betinha
Vou te contar uma historinha: Dei aulas num projeto social como voluntária. Achava que era legal fazer algo pelas criancinhas carentes, dar ajuda a quem a vida nega opções. Ia para lá cheia de ideais e sabe o que acontecia? Nada.
As crianças iam para lá obrigadas pelas mães desesperadas que precisavam manter as crianças ali para trabalharem.
As crianças não queriam aprender nada, queriam que eu fizesse o “dever de casa” delas e pronto. Fiz uma reunião, convoquei os pais e só meia dúzia apareceu e disseram para mim que era isso mesmo, que a aprovação era automática e que eles não precisavam aprender nada.
Montei um colégio de reforço com duas amigas e o problema se repetiu, mas dessa vez estava ganhando para isso.
Dei aulas em casa e posso dizer que tive uma grande surpresa quando um menino recém chegado da Espanha veio ter aulas comigo. Que sede de aprender tinha aquele menino!
Posso dizer também que depois de 3 anos dando aulas para ele isso mudou e que ele se “adequou” ao modelo brasileiro.
Ninguém quer aprender mais nada.
Outro dia briguei com meu filho porque não via ele com livros nas mãos. Ele sentou em frente ao computador e me disse que estudar era inútil, pois ele podia digitar qualquer coisa no Google que em 30 segundos tinha a resposta.
Matriculei-o em um curso de informática.
Infelizmente é isso.
Bom para os políticos do nosso país que no futuro terão muito mais massa de manobra e mão de obra barata.
É, amiga Kátia.
Sabia que tu conseguirias captar o que senti, ainda estou sob efeito do ocorrido, hj pela manhã eu vi a garota passar com cara de desalento e de fato eu lamentei, sinceramente temo pelo futuro que nos aguarda com uma geração passiva como esta.
Grata por seu comentário.
Certa vez duas meninas me disseram que tinham um trabalho sobre o Forte de Copacabana para fazer, pedi que me apresentassem o material e elas me disseram que eu deveria providenciar tudo, inclusive a cartolina.
Eu disse que elas deveriam trazer o material e eu deveria apenas orientar.
A mãe me procurou e me disse que era para isso que ela me pagava.
Hoje eu continuo dizendo que dou aulas em casa, mas por 60,00 a hora, por menos não me dou nem ao trabalho de pegar aluno.
Blogger, de fato as coisas complicaram bastante pra quem leciona, seja lá o que for que ensinamos, tornou-se um desafio enorme motivar e ter comprometimento de alunos, e isto em qualquer nível de ensino.
É por essas e outras que num encontro de professores vi muitos dizerem que abandonaram a área...
Grata pela visita e pelo comentário.
Esteja á vontade entre nós.
Tive a oportunidade de assistir a uma palestra sobre ensino de lingua estrangeira, com um grande mestre na Universidade Federal do Amazonas, essa palestra era para estagiários que lecionam em um projeto de extenção, são aulas de diversos idiomas por baixo custo, e eu fui convidado.Me interessou a questão colocada sobre motivação intrinseca e extrinseca.Considera-se a motivação do aluno, visando aqueles interessados sem desprezar os menos e as baixas são naturais.
Creio realmente que as crianças de hoje não se importem com o conhecimento ,principalmente das faixas mais pobres, devido ao fato de estarem cegas, ou atoladas no meio midiático, tentando ter ou vivendo aquilo que agrada a curto prazo.Sem entrar em lugar comum, sim culpa de pais omissos e que não sabem educar, priviligiar valores e o que de fato importa.Educar no sentido de se importar, zelar para que seu filho esteja agindo de forma correta.Vejo pais que deixam filhos ficarem na rua até tarde, pais que encobrem maus atos de filhos, pais que cedem a meiguisses de filhos, pais controlados,manipulados por filhos, vejo isto na vida real e em algumas novelas.
Querem que os professores eduquem seus filhos, sem que haja mudanças no comportamento dos filhos.
Não estou dizendo que os pobres, a classe desfavorecida é responsável por isto e que são burros isto também ocorre nas classes mais favorecidas, contudo doi mais nos menos favorecidos.
Serei professor, contudo aqueles que não têm compromisso com a educação eu não terei compromisso com eles, seguirei o PCN, sem tirar nem por.Agora os que realmente amarem o conhecimento encontrarão em mim um grande aliado.
Olá,
mas vamos conversar sim!
meu msn:robertacc@hotmail.com
meu ggtalk: roberta.cardarelli@gmail.com
qualquer coisa me mande um email!
Beijos
Oi Beta, enfim, localizei vc...rs
Vou add e assim que possível materemos contato.
Até lá.
André, grata pelo comentário.
De fato os professores tem mesmo um problema em mãos, uma vez que a Educação deveria ser um compromisso mútuo.
Creio que os pais são além de omissos são ingênuos em achar que a formação de seus filhos se dará em poucas horas de aulas.
Até a 4ª série primária eu era um aluno exemplar. Estava sempre à frente de todos. No entanto, da 5ª série ao 3º colegial, virei um acomodado, que não queria saber nada de nada. Estudava para tirar nota na prova, depois esquecia tudo. O pior é que eu vivia em recuperação. Mas, entre mortos e feridos, salvaram-se todos e eu fiz Jornalismo e consegui me formar. Foi uma época difícil, pois em 1986, com a deflagração do Plano Cruzado, nós estávamos no 3º ano da faculdade e os professores perderam o interesse, tudo por causa do plano do Sarney. Um dos jornais mais importantes do Brasil quase fechou. Bem... hoje, sou dedicado ao meu trabalho (até demais). Tomei vergonha no focinho e sinto uma tremenda saudade dos bancos escolares e dos meus professores.
Em tempo: tive uma professora de História, a Celina, que entrava em sala de aula, já com o giz na mão, dava "bom dia" e começava a escrever a matéria no quadro negro. Explicava muito bem e com ela eu tirava boas notas.
Beijos,
André
André I, meu companheiro amado:
teu relato foi contundente, de fato é difícil ficar entre extremos sabendo que nosso oficio é deveras desgastante.
Creio que tu podes ser um diferencial e conduzir-=se com ética mesmo diante de tantos percalços pelo caminho.
Abraços querido.
André II, colega de Dihitt, só assim pra eu descobrir que estou diante de um jornalista de fato e de direito...rs
(Brincadeira) Enfim, localizei teu comentário e agradeço por ele.
Este post foi um desabafo extremo de alguém que ama seu ofício mas não possui mas nenhuma motivação para exerce-lo.
Creio que muito do descaso da educação hoje deva-se á negligência e omissão dos pais e responsáveis, pois uma criança e ou jovem precisa de referênciais, de limites e de disciplina.
Por estas e outras sou contra a tal Psicologia moderna a qual tudo pode gerar "trauma" fui educada com bastante rigor e disciplina e nem um pouco traumatizada por isso.
Abraços colega.
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